A nova minissérie da HBO Max, “Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente“, é muito mais que ficção. Com apenas cinco episódios, a produção brasileira toca em uma ferida que ainda ecoa nos dias de hoje: o abandono, o preconceito e a luta silenciosa enfrentada por quem vivia com HIV/AIDS no Brasil dos anos 1980.
Um Brasil sem oxigênio
Ambientada no Rio de Janeiro, a história acompanha Nando, um comissário de bordo que descobre ser soropositivo em um país onde o medicamento AZT o único capaz de tratar a doença era proibido. Ao lado de colegas igualmente afetados pelo caos da epidemia e pela indiferença do Estado, Nando idealiza uma operação clandestina: contrabandear AZT dos Estados Unidos para salvar vidas no Brasil.
Realidade documentada em drama
Por mais cinematográfico que pareça, essa história é real. Nos anos 80 e 90, comissários de bordo brasileiros especialmente da VARIG, VASP e Cruzeiro realmente contrabandeavam AZT.
Eles escondiam os comprimidos nos uniformes, bolsas e objetos pessoais, trazendo o remédio para pacientes que morriam à espera de ação governamental. Essas ações não apenas salvaram vidas, mas criaram redes de solidariedade que desafiaram o preconceito e a omissão política.
Uma epidemia de preconceito
A AIDS foi mais que uma doença: foi um estigma. Pessoas soropositivas eram abandonadas pelas famílias, recusadas por hospitais e invisibilizadas pela mídia. O Estado demorou anos para oferecer tratamento gratuito.
A série não se esquiva desses temas. Ela os encara de frente, mostrando o medo, a vergonha, a força e o amor que se misturavam na luta por sobrevivência.
Um elenco potente para uma história urgente
Com atuações intensas de Johnny Massaro, Bruna Linzmeyer, Ícaro Silva e participações de Hermila Guedes, Andréia Horta e Eli Ferreira, a obra se destaca não só pela narrativa, mas pelo cuidado visual e histórico.
A direção de Marcelo Gomes e Carol Minem traz uma linguagem sensível, firme e respeitosa fazendo jus a um capítulo tão sensível da nossa história recente.
Por que você precisa assistir
“Máscaras de Oxigênio” é essencial porque reconta uma história que não foi ensinada nos livros. Mostra que o heroísmo cotidiano é real. Que não há glamour no abandono. Que vidas foram salvas não por grandes instituições, mas por pessoas comuns que decidiram agir.
A máscara de oxigênio, nesse contexto, é simbólica: ela não vai cair automaticamente. Cabe a nós, enquanto sociedade, colocar uma na cara do outro.
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